Consultorias envolvidas na operação avaliam que haverá concentração excessiva em 25 municípios

O presidente-executivo do Casino, Jean-Charles Naouri, está a caminho do Brasil para negociar com o BNDES, que disse que não arcará com os prometidos 2,4 bilhões de dólares para a união se empresa não aprovar a operação
04/07/2011 | 13:02 | REUTERS
Em 25 municípios, Carrefour e Pão de Açúcar teriam mais de 50% do mercado (Manoel Marques)
Se concretizada a operação, Carrefour e Pão de Açúcar devem assinar um Acordo de Preservação da Reversibilidade da Operação (Apro) com o Cade
Apesar da resistência do sócio Casino ao negócio, os interessados na megafusão entre Pão de Açúcar e Carrefour já começam a traçar suas estratégias para tentar aprovar a operação no Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade). A linha central da argumentação é convencer os órgãos de defesa da concorrência que as concentrações excessivas de mercado estão restritas a poucos municípios. Os participantes, porém, estão cientes de que a megafusão no varejo é "delicada" e que vai exigir concessões. Analistas ouvidos pelo site de VEJA afirmam que a operação é grande o suficiente para gerar distorções que vão além da mera sobreposição de lojas.
Contatos – Os contatos com as autoridades já começaram. Na semana passada, representantes dos investidores que querem a fusão conversaram com o Cade, com a Secretaria de Direito Econômico (ministério da Justiça) e com a Secretaria de Acompanhamento Econômico (Fazenda). As conversas, por enquanto, são para informar que o negócio ainda está em fase de análise pelos sócios e que deve ser comunicado ao Cade assim que for concluído. Ainda não houve troca de informações sobre a operação.
Reversibilidade – Segundo consultorias envolvidas no processo, as empresas reconhecem que, provavelmente, será necessário assinar um Acordo de Preservação da Reversibilidade da Operação (Apro) com o Cade – um instrumento jurídico que mantém as empresas separadas enquanto o governo faz a análise do negócio.
Os cálculos preliminares feitos pelas consultorias apontam que Pão de Açúcar e Carrefour estão presentes, ao mesmo tempo, em 70 dos 180 municípios onde atuam. Em apenas 25, a concentração seria "significativa", ou acima de 50%. O Cade, no entanto, já considerou preocupantes concentrações acima de 20% a 30%.
(com Agência Estado)
04/07/2011 | 13:02 | REUTERS
O plano do Carrefour de fundir suas operações no Brasil com o Pão de Açúcar parecia instável nesta segunda-feira, apesar da aprovação do conselho do Carrefour ao negócio. A varejista rival Casino, sócia do grupo brasileiro, busca impedir o financiamento para a operação.
Uma fonte próxima ao assunto afirmou à Reuters nesta segunda-feira que o presidente-executivo do Casino, Jean-Charles Naouri, estava a caminho do Brasil para negociar com o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), que disse que não arcará com os prometidos 2,4 bilhões de dólares para a união se o Casino não aprovar a operação proposta.
O Carrefour, enfraquecido por três alertas de lucro, precisa crescer rapidamente em mercados emergentes como o Brasil para compensar vendas fracas em seu mercado doméstico. O acordo criaria uma varejista com vendas de mais de 30 bilhões de euros (43,6 bilhões de dólares) e levaria a sinergias anuais estimadas entre 600 milhões e 800 milhões de euros, afirmou a rede francesa.
O Casino, sócio do empresário Abilio Diniz no controle do Pão de Açúcar, perderia uma importante fonte de crescimento e acabaria com uma fatia minoritária na nova companhia.
A fonte disse que Naouri deve se encontrar com o presidente do BNDES, Luciano Coutinho. O Casino não comentou o assunto.
Mais cedo, nesta segunda-feira, o conselho de administração do Carrefour apoiou o plano de fusão, estratégia que pode elevar a proporção das vendas vinda de mercados em crescimento para mais de 40 por cento em 2013, informou a companhia.
"Esta transação, se completada, vai levar à criação de uma grande empresa de varejo no Brasil, o terceiro maior mercado do mundo em termos de gasto com alimentos", informou o Carrefour.
Por sua vez, o Casino afirmou em comunicado que o apoio do Carrefour à fusão pode implicar em responsabilização da rede "e dos membros do seu conselho por aceitarem, apesar de repetidos alertas, uma transação hostil, resultado de negociações ilegais".
Em série de entrevistas concedidas no Brasil na semana passada, Diniz afirma que não violou o acordo de acionistas que mantém com o Casino por meio da holding Wilkes e que chegou a informar o presidente do Casino sobre a ideia de fusão com o Carrefour.
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