Total de visualizações

Visite nossa Fan Page

domingo, 14 de fevereiro de 2016

Karina da Silva Pratezzi: uma jovem com alma de criança

 | Arquivo da família
Karina da Silva Pratezzi era uma jovem cheia de paixões: fotografar, brincar com a cachorrinha Lessy, estudar, dar aulas para crianças e fazer compras, principalmente sapatos. A família e alguns amigos próximos garantem que ela colocava paixão em tudo o que fazia, para que tudo fosse muito bem feito e muito bem aproveitado.
Estudante do curso de Letras, na Unespar Paranaguá, ela estava com as datas de entrega e defesa do Trabalho de Conclusão de Curso (TCC) marcadas para os meses de março e abril deste ano. No decorrer da graduação, ela teve certeza de que queria lecionar para crianças do ensino fundamental. Não se via dando aulas para “marmanjos”, dizia ela. O sucesso era certo com os pequenos. Cada vez que voltava dos estágios, trazia consigo cartinhas que recebia dos alunos.
A dedicação à faculdade era prioridade. O incentivo dos pais era o combustível para o desejo de seguir em frente. No início do curso, em 2011, conheceu Renata Mello e foi “amizade à primeira vista”. “Era organizada. Ela guardava todas as nossas coisas da faculdade. Karina dizia que eu perdia tudo e eu tenho que concordar”, conta Renata. A organização também ajudava a família. Houve uma época em que ela pediu ao pai para administrar as finanças da casa. O dinheiro, que antes era contado, começou a sobrar.


Por outro lado, Karina tinha “alma de criança”, ressalta Renata. Certa vez, a dupla foi para São Paulo em uma viagem da faculdade. Embora Karina fosse a mais velha, a amiga teve de cuidar dela. Queria visitar todos os lugares, fez bagunça no ônibus, tirou muitas fotos e, para finalizar, quase se perdeu com Renata dentro de um museu.
Karina sempre foi arteira. Aos 8 anos, a menina decidiu que começaria a dirigir. Entrou no carro e deu a partida. O resultado? Quase bateu no muro de casa e o pai, Éder Pratezzi, correu para socorrê-la. Dez anos depois, tirou a carteira de motorista e ganhou um carro do pai.
Em outra ocasião, brincava com os primos quando decidiu subir em uma caixa d’água que, por sorte, estava quase cheia. Depois de muito pular, a tampa quebrou e eles caíram lá dentro. Também teve o episódio em que estava na piscina com uma amiga quando outra colega chegou e sentou na borda. A piscina virou e a água carregou as três.
A menina arteira se tornou uma jovem preocupada e zelosa da família. Sempre buscava agradar aos pais e não perdia a chance de demonstrar o amor que sentia por eles.
Quando nasceu, ninguém conseguia fazer a bebê parar de chorar. Até que o pai a pegou no colo e o choro cessou. Os médicos e enfermeiros de plantão foram checar quem tinha sido o autor do milagre.
Em dezembro do ano passado, Zenália, a mãe da jovem, ficou doente e Karina se responsabilizou pelos cuidados. Teve uma irmã mais nova, que morreu há 18 anos, vítima de câncer. De vez em quando, ela escrevia cartas para a irmã. Era o seu jeito de amenizar a saudade.
Quando a epidemia de dengue começou em Paranaguá, os avós de Karina pegaram a doença. Ela cuidou dos dois até melhorarem.
Mas ela também foi picada pelo mosquito Aedes aegypti um mês depois. A universitária foi diagnosticada com dengue hemorrágica. Depois de cinco dias internada no Hospital Regional do Litoral, Karina teve falência múltipla dos órgãos. Foi a primeira vítima fatal da dengue no Paraná em 2016. Deixa pai, mãe, primos, avós, tios, amigos e a cachorrinha Lessy.
Dia 08 de janeiro, aos 25 anos, de complicações da dengue hemorrágica, em Paranaguá.


Fonte - Gazeta do Povo

Nenhum comentário: