Na manhã desta sexta-feira (08), o prefeito Edison Kersten, junto com a secretária municipal de Saúde, Sandra Machado Marcondes, participou de apresentação técnica relacionado à aplicação dos mosquitos Aedes Aegypti geneticamente modificados, feita pelo biólogo e gerente da empresa responsável pelo método científico, a Oxitec do Brasil, Cláudio Fernandes. A médica da Secretaria Estadual de Saúde (Sesa) e primeira-dama, Dra. Terezinha Flenik Kersten, também esteve na apresentação, que foi aberta à sociedade, fazendo parte do processo de engajamento público para futura aplicação do método em Paranaguá. A medida ainda está sendo negociada entre a Prefeitura e a empresa e deverá ser aplicada em cerca de três a quatro meses.
“A presença da sociedade organizada nesta reunião é muito importante, pois a técnica do Aedes do bem vem a trazer mais um recurso a ser aplicado na luta contra o mosquito. O envolvimento de todos é fundamental, mas ainda mais essencial é que os cidadãos continuem a eliminar criadouros em suas residências, fazendo o checklist diário e atuando na conscientização na luta contra a dengue”, afirma o prefeito Edison Kersten. Ele ainda ressaltou os investimentos feitos em 2016 na limpeza pública, com contratação de mais de 100 funcionários, equipamentos e maquinário para intensificar a eliminação de criadouros.
Segundo o prefeito, já está em diálogo avançado a negociação com a empresa para a aplicação do “Aedes do bem” em Paranaguá. Inicialmente, daqui a cerca de três a quatro meses, a técnica será aplicada em áreas mais críticas com relação a número de casos de dengue, beneficiando 30 mil pessoas em um primeiro momento, através de recursos próprios do município. O prefeito Edison já está negociando com a União, Governo do Estado e Banco Regional do Desenvolvimento do Extremo Sul (BRDE), para que o “Aedes do bem” seja aplicado, posteriormente, em toda a cidade.
De acordo com o prefeito, um espaço deverá ser disponibilizado pelo município à empresa para que os mosquitos sejam criados geneticamente, para posteriormente serem aplicados em Paranaguá. “O momento preocupante de epidemia, inclusive com casos de morte decorrente da dengue, faz com que a preocupação com valor gasto fique em segundo plano, pois o que importa neste momento é utilizarmos todas as armas possíveis contra a dengue no município”, completa.
A secretária municipal de Saúde, Sandra Machado Marcondes, esclareceu que o projeto está em fase de apresentação: "Toda a população pode tirar aqui suas dúvidas com relação ao projeto, do qual nós da Prefeitura temos a intenção de instalar. Convocamos toda a população de forma antecipada para a reunião visando a transparência. É mais uma ferramenta de contenção ao mosquito em Paranaguá", afirma.
O vereador Arnaldo Maranhão, que fez parte da comitiva junto ao prefeito Edison que fez o primeiro contato com a Oxitec em Campinas, no mês de março, ressaltou a importância da utilização da técnica para combater a situação crítica da dengue em Paranaguá. "É uma tecnologia avançada, entendemos que todas as formas de combate são bem vindas neste momento que atravessa a cidade com relação à doença", completa.
"Paranaguá é uma cidade que conta com inúmeras vulnerabilidades sociais que facilitam a incidência de doenças, como é o caso da dengue. A própria Organização Municipal de Saúde (OMS) ressalta a necessidade de vinda de técnicas científicas para o combate às doenças em cidades nesta situação. Toda a arma tem o seu tempo, e é visível os benefícios que o Aedes do bem poderá trazer à população no combate à dengue", afirma Dra. Terezinha Kersten.
GERENTE DA OXITEC RESSALTA EFICIÊNCIA DA TÉCNICA
O gerente da Oxitec, Cláudio Fernandes, fez uma ampla explicação aos presentes sobre a eficiência da técnica do “Aedes do bem” no combate aos mosquitos, que transmitem a dengue, Zika vírus e chikungunya, respondendo a inúmeros questionamentos. Segundo ele, a técnica possui validade em testes feitos em localidades nos municípios de Juazeiro - BA, onde se chegou até mesmo à redução de 99% da incidência do Aedes Aegypti, bem como em Piracicaba, onde houve uma diminuição de 90%, entre outras localidades.
"A empresa, desde 2014, está realizando testes onde confirmou o sucesso da técnica,e cada vez mais está ampliando sua atuação em todo o Brasil. Nascida em Oxford, na Inglaterra, a Oxitec tem a autorização da CNTBios do Ministério da Ciência e Tecnologia do Brasil, algo que demonstra que ela não prejudica o ecossistema", afirma o gerente. Segundo ele, em um primeiro momento, a Prefeitura irá fazer uma avaliação biológica da técnica, firmando um contrato que inclusive terá uma cláusula fixando uma garantia de redução da proliferação dos mosquitos. O custo estimado será de R$ 100 mil mensais, para um contrato de 2 anos, algo que ainda será negociado para ser fixado oficialmente.
De acordo com o representante da Oxitec, os insetos geneticamente modificados liberados no ambiente são apenas machos, que não picam o ser humano, apenas cruzando com as fêmeas selvagens, gerando descendentes que herdam os genes adicionais e morrem antes mesmo de chegar à fase adulta, diminuindo a população das próximas gerações de insetos adultos. Os mosquitos possuem duração de vida de 2 a 3 dias. "A técnica é a longo prazo, e o tempo de impacto deverá ser sentido em um prazo de seis meses em Paranaguá, com redução inicial de até 60% dos mosquitos", ressalta.
"Neste momento, estamos cumprindo uma etapa importante para utilização do Aedes do bem, que é a fase de engajamento social, com participação ativa da sociedade. A implantação total da técnica demorará de 3 a 4 meses em Paranaguá. Uma equipe técnica da Oxitec virá ao município avaliar a eficácia constantemente", ressalta Cláudio Fernandes.
O gerente ainda explica que o fumacê pode ser utilizado, mesmo quando a aplicação do "Aedes do bem" for feita em Paranaguá. "É só aguardarmos o tempo de eficácia do veneno passar e soltarmos os mosquitos geneticamente modificados após isso. Isso irá até ajudar, pois os Aedes do bem terão um ambiente sem presença de mosquitos selvagens, podendo se proliferar mais rapidamente com as fêmeas, originando larvas que não irão se transformar na forma alada do Aedes Aegypti", completa.
A apresentação contou ainda com a presença do vereador Jacir de Oliveira Ramos (“Jacizinho”), inúmeros secretários municipais, bem como membros do Conselho Municipal de Saúde (CMS), representantes do Hospital Regional do Litoral (HRL), Secretaria Estadual de Saúde (Sesa), entre outras autoridades, e cidadãos de Paranaguá.
MAIS SOBRE O “AEDES DO BEM”
A tecnologia utilizada pela Oxitec, que é de origem inglesa, funciona da seguinte maneira: no laboratório, ovos do Aedes Aegypti recebem uma microinjeção de DNA com dois genes, um para produzir uma proteína que impede descendentes do mosquito de chegarem à fase adulta na natureza, chamado de tTA, e outro para identificá-los sob uma luz específica.
Só os machos são liberados na natureza. Eles procriam com as fêmeas selvagens – responsáveis pela incubação e transmissão dos vírus da dengue, chikungunya e zika. Elas vão gerar descendentes que morrem antes de chegarem à vida adulta, reduzindo a população total.
Os machos liberados na natureza só conseguem sobreviver até a vida adulta e procriar porque recebem, dentro do laboratório, um antibiótico chamado tetraciclina. Como essa substância não existe na natureza, seus descendentes morrerão.
Jornalista: Leonardo Quintana Bernardi
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