Líderes das 17 nações da zona do euro encontram-se nesta quinta-feira em Bruxelas para discutir saídas para a crise grega e para quadro fiscal europeu
Cotação do euro ante outras moedas recua graças aos temores dos investidores (Sean Gallup/Getty Images )
Autoridades avaliam propostas para o fundo de resgate europeu, com o intuito de financiar uma recompra ou swap (troca) voluntários de títulos gregos
Autoridades europeias e executivos de bancos comerciais seguem longe de um consenso sobre um segundo pacote de resgate à Grécia e sobre medidas para evitar o contágio da crise de dívida. Em meio à indecisão dos líderes da União Europeia, o mercado do continente teve um dia tenso - provocado, também, pelo temor de que os testes de saúde dos bancos europeus, divulgados na última sexta-feira, não reflitam a real situação das instituições.
O principal índice de ações europeias, o FTSEurofirst 300, caiu para o menor nível em quatro meses nesta segunda-feira, puxado pelas ações de bancos e em meio ao temor de que a reunião desta semana na zona do euro não alcance um acordo para um segundo pacote de ajuda a Atenas. O indicador recuou 1,59%, para 1.069 pontos. O veredicto geral dos analistas foi de que ostestes de stress em bancos europeus não tiveram credibilidade. Muitos viram as hipóteses como muito bondosas e criticaram os testes por não incluírem o cenário de um default (moratória) da Grécia, que está se tornando cada vez mais provável.
A porta-voz do governo francês Valerie Pecresse disse nesta segunda-feira acreditar num acordo no encontro de líderes das 17 nações da zona do euro, marcado para quinta-feira em Bruxelas. O pacto preveria novos financiamentos, além dos 110 bilhões de euros (154 bilhões de dólares) liberados ao país em maio de 2010. Contudo, após três semanas de conversas preliminares, não está claro se pode haver consenso sobre como os credores privados -- bancos, seguradoras e outros investidores -- que detêm papéis do governo grego vão contribuir com o socorro financeiro, aceitando perdas de valor de títulos de sua carteira.
Temores de que o resgate possa fracassar, levando a um possível default desordenado da dívida grega, derrubavam o euro, enquanto os yields dos bônus do governo de estados do bloco com elevada carga de dívida subiam. O rendimento do papel de dez anos da Itália avançava 0,2 ponto porcentual, para uma nova máxima desde a criação do euro. As bolsas europeias desabaram nesta segunda-feira, frente aos temores com os bancos.
Em Londres, o índice FTSE 100, principal indicador da Inglaterra, fechou em baixa de 1,55%, a 5.752 pontos. Em Frankfurt, o índice DAX caiu 1,55%, para 7.107 pontos, enquanto o CAC-40, de Paris, recuou 2,04%, para 3.650 pontos. Já na bolsa de Milão, o índice Ftse/Mib encerrou em queda de 3,06%, a 17.885 pontos. Em Madri, o índice Ibex-35 registrou perda de 1,44%, para 9.347 pontos, ante a queda de 2,55% do PSI20, principal indicador da bolsa de Lisboa.
Paul de Grauwe, professor de economia internacional da Leuven University, na Bélgica e conselheiro informal do presidente da Comissão Europeia, José Manuel Barroso, disse que as autoridades vêm atrasando tanto uma ação definitiva sobre a Grécia que as opções estão ficando escassas rapidamente. "Tenho medo de ter esperanças. Ainda as tenho, sim, mas não estou otimista", afirmou. "Tivemos soluções no passado, mas não as dominamos. Agora é tarde demais para que algumas dessas soluções funcionem. A oportunidade foi perdida", lamenta.
Propostas – As autoridades se deparam com um conjunto de propostas para um fundo de resgate europeu (EFSF, na sigla em inglês), com o intuito de financiar uma recompra ou swap (troca) voluntários de títulos gregos, ou possivelmente ambos. Os planos seriam conduzidos com um desconto no valor de face dos papéis, ajudando a reduzir a dívida soberana grega, de 340 bilhões de dólares. Mas todos os esquemas podem enfrentar obstáculos técnicos e jurídicos, em alguns casos exigindo a aprovação dos parlamentos da zona do euro.
Outras propostas ainda parecem estar à mesa. O jornal alemão Die Welt reportou que os governos estão considerando uma taxação em bancos como forma de envolver os credores privados no resgate a Atenas.
Como parte de um segundo pacote de socorro financeiro, as autoridades também estão avaliando outras medidas para ajudar a Grécia, como empréstimos emergenciais extras de até 60 bilhões de euros por parte da União Europeia (UE) e do Fundo Monetário Internacional (FMI) e medidas para recaptalizar os bancos gregos e europeus e estímulo ao crescimento econômico grego.
Uma fonte da UE disse que há um acordo básico sobre ampliar os vencimentos e para reduzir as taxas de juros em empréstimos à Grécia, Irlanda e Portugal.
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